domingo, 7 de novembro de 2010

Campanha "Escritores Potiguares - Um presente de Natal"

Caros amigos,

Públio José, publicitário e articulista deste espaço, expôs uma excelente ideia, que se transformou em Campanha, visando prestigiar os escritores potiguares, neste Natal, com a indicação de seus livros para presentes.

Como a característica das boas ideias é reunir, rapidamente, várias adesões, o que tem ocorrido neste caso, acredito que esta será uma oportuna campanha para que possamos repensar e descobrir nossos valores.

Segue abaixo a transcrição de seu e-mail.

Desejo sucesso e manifesto minha adesão ao projeto.

Um abraço.

Kennedy Diógenes


"Caro Kennedy, bom dia

Estamos divulgando uma campanha de nossa iniciativa com o objetivo de prestigiar o escritor natalense/potiguar. Tendo em vista a proximidade do período natalino, época em que, de forma tradicional, as pessoas se presenteiam, estamos fazendo uma exortação geral para que os livros de autores locais passem a ser incluídos, também, na opção de presentes de todos.

A exortação que fazemos está direcionada às autoridades, empresários, profissionais liberais e pessoas comuns. Em suma, já que nessa época todo mundo se presenteia, que o livro local passe também a ser encarado como opção, como alternativa.

A respeito do assunto já fizemos uma série de contatos com amigos formadores de opinião e a reação tem sido muito boa. Nosso objetivo é massificar a campanha até onde for possível.

Mantivemos contato também com a CDL, e vamos procurar a COSERN, CLUBE DE ENGENHARIA, OAB, FIERN, a FECOMÉRCIO e outras instituições, solicitando que seja feito um trabalho interno de engajamento de seus filiados na campanha.

É tão somente que no final do ano as pessoas passem a considerar, para efeito de presente, o livro do autor local como mais uma opção. No caso dos empresários, normalmente eles distribuem brindes para familiares, funcionários, fornecedores, autoridades, etc, etc, em forma de vinho, uísque, cestas natalinas, agendas e outros. Que passem também a prestigiar o escritor local no período.

Nossa solicitação é que você apóie a campanha, fazendo divulgação pelo seu site/blog e divulgando a campanha também junto à sua área de influência. De maneira que eu fico muito honrado em contar com seu apoio. Por mais essa gentileza, receba, desde já, nossos sinceros agradecimentos.

Forte abraço – Públio José".

Um livro singelo

Por Carlos Roberto de Miranda Gomes*

Entre as diversas leituras do mês de outubro findo, destaco o livro da Professora Maria Isaura de Medeiros Pinheiro – Minhas Escolas (Retalhos de lembranças e de querer bem), edição da Câmara3 Studio, escrito numa linguagem amena e de conteúdo singelo, que retrata a trajetória da autora pelo campo da educação, desde o tempo de estudante até o magistério superior e da sua vida profissional decorrente da sua formação jurídica.

Narrando os conhecimentos obtidos na Grande Escola, oriundo da instituição familiar, ou no “regaço materno” para aproveitar a expressão de Comenius, a consagrada Mestra oferece os caminhos apontados pelos estudiosos da ‘Didática’ e as dificuldades naturais opostas no tempo e espaço, todos superados pela dedicação e determinação em descortinar a fascinante atividade do ensino, reforçada na passagem por Escolas-padrão, que nomina com indisfarsável carinho.

O caminhar descrito localiza nomes marcantes de sua formação, no seio da família ou no conceito social, desde o consagrado Câmara Cascudo, os autores mais lembrados na época, como Viriato Correia, descortinando o saber através de Dona Marieta Guerra, Esmeraldo Siqueira, Max Azevedo, Rômulo Wanderley, Edgar Barbosa, Clementino Câmara, Monsenhor Landim, Ivone Barbalho, Dona Bertilde Guerra, Dona Etelvina Emerenciano, Cônego Luiz Wanderley, Sebastião Monte e tantos outros, com a cumplicidade das colegas Selma Pereira, Dalva de Oliveira, Neide Varela, Albanita Leite, Carmen Gurgel, Dagmar Azevedo, Socorro Melo, Berenice, Yara, Isolda, Graça Rosas, Maria do Carmo, Margarida Mota, complementado por Ítalo Suassuna, José Mariano, Alfredo Lemos e Joanilo de Paula Rego, ainda Luiz Gonzaga e Tasso Macedo.

No seu relato não esqueceu pessoas simples, mas de significativa importância como “Seu Sérgio Santiago”, sempre vigilante e protetor e a dinâmica Professora Crisam Siminéia, mas igualmente os que tinha fama de rigorosos, como o Professor Hélio Dantas e da excelência de educador que foi Moacir de Góis.

Estão presentes em seus contares o estudantes Armando Holanda, Garibaldi Alves Filho, Cláudio Emerenciano, Luiz Eduardo Carneiro Costa, José Fernandes Machado, Gileno Guanabara e Marcos Maranhão.

Os Colégios das Neves e da Conceição merecem o seu registro, como a passagem pelo tradicional Atheneu do tempo do Monsenhor Mata, sem esquecer os relatos das passagens memoráveis, a sensação na descida do bonde na Avenida Jundiaí que lhe deixava na Fundação José Augusto, ao encontro das colegas Liége, Ivanilda, Luizete e Maria Inês, nas matinês do Cinema Rex, nos encontros do Grande Ponto, após o percurso da Jundiaí a pé, sob as frondosas arvores ali postadas.

Retrata audições de Oriano de Almeida no Teatro Carlos Gomes, as trocas de figurinhas, as conversas intelectuais e o itinerário vivido na Faculdade de Direito do Recife, na Escola de Comércio do Município de Natal, na Escola Técnica Federal, Conselho Estadual de Educação, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, época em que fui seu aluno em ‘Metodologia do Ensino’, o Instituto Kennedy, o Colégio Churchill, do Professor Orneles.

Enfim, são muitas emoções, registros que contam a história de instituições e ressaltam nomes importantes. Não é possível repetir cada um deles, por isso recomendo a leitura integral do livro, pois nele você leitor de mais idade irá se encontrar em algum instante, em algum lugar ou com algumas pessoas.

Este livro é um bom modelo de como contar a sua história pessoal no contexto da história de outras pessoas e instituições que o tempo não apagará enquanto existir

* CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES é advogado, professor, filiado à UBE/RN, Membro da AML, ALEJURN, IHGRN, INRG e MHV da OAB/RN.

Dinheiro não nasce em árvores

Por Paulo Afonso Linhares*

Serão sempre vãs as tentativas de algumas almas estúpidas de revogar a Lei da Gravidade ou de modificar as leis da Economia através de normas discutidas e aprovadas pelos parlamentos, a exemplo do que fizera o constituinte de 1988 ao instituir, no § 3º do art. 192 da vigente Constituição Federal, a limitação da taxa de juros reais a doze por cento ao ano, o que se revelou um completo absurdo.

Aliás, em muito boa hora essa bobagem foi banida do texto constitucional pela Emenda nº 40, de 25 de abril de 2007, mesmo porque se tornou letra morta. Ora, por supremacia que possa ter uma Constituição, não é possível acreditar que pudesse "pegar" uma disposição que estabelece uma limitação impossível de ser imposta. É inevitável que o texto constitucional, nessas circunstâncias, se torne uma rematada peça de ficção. Aliás, ressalte-se que várias outras disposições constitucionais infelizmente têm seguido por esse mesmo caminho tortuoso.

Se é bem certo que severas limitações foram impostas à inteligência humana, mais certo ainda é que teria deixado livre de quaisquer amarras a estupidez, a burrice crônica e esférica que a tantas pessoas acometem... Coisas da natureza das coisas, como pode revelar o veio lógico-filosófico de herr Wittgenstein. Por mais que sejam mostradas e demonstradas certa atitude e suas consequências, muitas pessoas teimam em caminhar no rumo oposto ao da lógica e do bom senso.

É assim que agem algumas castas de servidores públicos que, mesmo confrontadas com a dura realidade do momento que atravessam algumas instituições, fingem viver num paraíso onde o financeiro e o orçamentário estão sempre a bailar um compassado tango de bonança e prosperidade.

É incrível como essas pessoas sempre enxergam o muitas vezes combalido Erário Público como sendo aquela lendária cornucópia a transbordar riquezas. Ora, se as fontes de recursos públicos - todas profundamente fincadas nas pessoas e instituições econômicas privadas - escasseiam, com as receitas a cair drasticamente, impondo o corte cada vez mais devastador de despesas com custeio e investimento da máquina administrativa, a atitude mais sensata por parte dos gestores públicos é traçar um diagnóstico da situação na busca das soluções aptas a afastar a enorme pressão que se exercem sobre o Tesouro público. Ora, a crise econômica que atingiu as principais e mais ricas economias do planeta, principalmente os Estados Unidos da América, a partir de 2008, certamente afigura-se como o mais grave acontecimento da era da mundialização do capitalismo e o mais sério desequilíbrio causado desde a famosa quebra da bolsa em 1929.

Contrariamente do que se pensava, essa crise projeta os seus efeitos a médio e longo prazos, embora imediatamente tome diversas e preocupantes feições, sobretudo quando apontam para quadros marcantemente recessivos. O Brasil, infelizmente, não pode imaginar-se fora da crise, circunstância esta que afeta sobremodo os Estados membros, com enormes reflexos nas suas finanças governamentais.

Para se ter uma ideia da gravidade disto, basta dizer que, neste final de 2010, sete dos Estados situados na Região Nordestinas ameaçam não pagar a segunda parcela do 13 salário de seus funcionários. Estão quebrados. As lamúrias são enormes e a crise é real. Os segmentos mais abastados do serviço públicos - aquelas chamadas "carreiras de Estado" - têm enorme dificuldade de assimilar que se vivenciam uma crise sem precedentes na esfera dos Estados e Municípios da Federação brasileira.

Essas "ilhas" de prosperidade (e muita fantasia!), estão cercadas de dificuldades de todos os lados. Assim, enquanto as pessoas não se conscientizarem de que o dinheiro não nasce em árvores, é útil que as autoridades econômicas e, por conseguinte, os governadores estaduais, construam mecanismos capazes de eficientemente enfrentar a crise. Enquanto isto, é bom recorrer ao velho aperto do cinto. E cruzar os dedos.

* Paulo Afonso Linhares é Defensor Público-Geral do Estado, professor e escritor.