Por Aluísio Azevedo Jr.
Estamos iniciando o período eleitoral. Temos uma grande disputa se avizinhando. Em um momento tão importante, não podemos e nem devemos abdicar do direito ao voto.
Devemos comparar o PSDB e o PT, os dois supostos protagonistas.
Todavia, precisamos questionar se o protagonismo esteve, até hoje, nos palanques ou nos bastidores, nos políticos fantoches ou nos seus controladores.
Em princípio, devemos compreender que, num período recente de nossa história, a onda neoliberal devastou o patrimônio público nacional, vendendo as estatais brasileiras mais valiosas, deflagrando uma avalanche de privatizações. Este processo obscuro permitiu a realização de um grande golpe, onde empresários se apoderaram de tais riquezas, de forma quase graciosa. Estes grupos privados continuaram alimentando ciclos e mais ciclos de corrupção. Um dos mais famosos controladores e beneficiários, o empresário Daniel Dantas, é, também, considerado o pai dos mensalões.
Dantas, que passou a controlar grandes telefônicas, e ter ligações com os fundos de pensão das estatais brasileiras, foi um importante financiador de PSDB e PT em seus projetos eleitorais, mantendo o domínio sobre os promissores grupos empresariais, nascidos a partir das privatizações de FHC.
Daí, suas ligações iniciais com FHC, Serra, e o ex-presidente do STF, Gilmar Mendes, sempre denunciadas por jornalistas honestos, como Luís Nassif, Carlos Azenha e Paulo Henrique Amorim. Depois, vieram as ligações com os petistas.
Da “Primeira Era”, remanesce o candidato Serra, que vai disputar a presidência da república, apoiado pelos Demos e outros partidos também inexpressivos, e por toda a parcela da mídia nacional, desejosa de seus favores.
Das recentes investidas de Daniéis Dantas, vieram os novos esquemas de corrupção, agora já empacotados com a marca “mensalão do PT”.
Concluímos que, somado o escândalo do panetone dos Demos, estamos bem (sic) servidos de corruptos e de corruptores.
Mas, ainda assim, precisamos achar diferenças para poder resgatar alguém nesta lama toda.
Sabemos que o Brasil já viveu a Era PSDB, de FHC, um intelectual ligeiramente vaidoso, que colocou o Brasil no hall dos países alinhados a americanos e ingleses.
Depois, com um surpreendente desprendimento de seus recalques e preconceitos, o eleitor brasileiro elegeu um Presidente Operário.
A partir deste, que seria (futuro do pretérito) um frágil fantoche nas mãos de Dirceus e Daniéis, o Brasil escreveu uma nova história de desenvolvimento e reconhecimento mundial.
O colunista de Carta Maior, Francisco Carlos Teixeira, afirma que: “É extremamente interessante que o brasileiro de maior destaque no mundo, hoje, seja um mestiço, nordestino, de origens paupérrimas e com déficit de educação formal. Para todos os segmentos das elites nacionais, nostálgicas de uma Europa que as rejeita, é como uma bofetada! E assim foi compreendida a recente lista da Time. Daí a resposta das elites: o silêncio!”
Esta “Era Atual” será representada por Dilma Russef, que vai disputar a presidência com apoio do PSB, de partidos menores e da parte menos nobre do PMDB (se é que neste partido sobreviveu alguma parte nobre).
Então, no fundo, teremos mesmo um plebiscito sobre as Eras.
Um plebiscito que envolverá avaliação dos líderes FHC e Lula, e seus representantes na disputa presidencial.
Que os Daniéis vão novamente influir na percepção do eleitor, reabrindo os cofres pós-privatização, movendo toda a máquina mediática, no sentido de suas ambições, isso não tenho dúvida.
Que Lula tentará emplacar sua candidata, usando a força de sua empatia e liderança, não tenho dúvida.
Que o esforço de tucanos e aliados será descomunal, envolverá o trabalho dos brucutus de plantão, como o senhor Eduardo Graeff, encarregado de distribuir informações falsas na internet, isso não tenho dúvida.
Que a situação de Serra está complicada, com o padrinho que ele tem (FHC), sem poder criticar o “líder mais influente do mundo” (segundo a revista Time americana), sem poder propor mudanças num governo que acerta muito e é aprovado por grande maioria da população brasileira, isso tenho certeza.
Para ele, além da grande simpatia que esbanja (sic), resta apelar para a “bala de prata”, sua maior especialidade. Procura-se um escândalo, a qualquer preço. (Lembram-se da Roseana Sarney, cuja filmagem dos seus pacotes de dinheiro ilícito foi manchete do Jornal Nacional da Globo, em transmissão ao vivo?)
E não me venham com fotos de Arruda com Serra, ou dos viadutos do Rodoanel que caíram em cima dos carros, por favor!
* Aluísio Azevedo Jr. é empresário, escritor e cronista.
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