sexta-feira, 19 de março de 2010

Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher.

Por Leidimar Murr*

A briga entre os Estados Unidos e o Irã é uma briga que tem, como pano de fundo, uma disputa entre civilizações: a ocidental e a islâmica. Disputa esta fundamentada em concepção de mundo que, embora ultrapassada no campo das idéias, até mesmo por boa parte da população do Oriente Médio, carrega para o plano das relações internacionais a concepção arcaica que permanece culturalmente viva e se manifesta tanto em simbolismos cotidianos como em decisões políticas de interesse para a comunidade internacional.

Atente-se que o Brasil não representa, no imaginário político do Oriente Médio, nem uma civilização nem a outra. Nem por isso, no entanto, tem garantido o papel de neutralidade que o Excelentíssimo Presidente Luis Inácio Lula da Silva quer se atribuir. Vale lá por aqueles lados o ditado: quem não é por mim, é contra mim.

Diferentemente do Brasil, o Irã de Mahmoud Ahmadinejad não é cheio de muros e muretas onde se possa, convenientemente, permanecer, até mesmo por todo um mandato político, como é de praxe acontecer no Brasil.

A disputa entre Estados unidos e Irã é uma briga de entes que se complementam e, em assim sendo, são opostos. Nessa linha de instabilidade entre a complementaridade e a oposição está assentado um conflito de milênios onde a intromissão do Brasil é algo pateticamente ridícula. É como ver uma criança se aproximar da jaula do leão no zoológico. Não se pode deixar que a criança corra livremente sem a intervenção de um maior. É preciso muito cuidado, pois como dizem os mais velhos: criança às vezes cega a gente; e diante de sua ingenuidade ousada e sua falta de capacidade intelectual de avaliar adequadamente o perigo pode por em risco a si e aos outros.

* Leidimar Murr é médica, Doutora em Bioética e Professora.

5 comentários:

  1. A "intromissão" ridícula e patética? Ingenuidade ousada, falta de capacidade intelectual? Onde a Doutora foi colher esse ranço de complexo de inferioridade? Decepcionante o texto e a sua visão sobre uma relação hipotético-preconceituosa entre "capacidade intelectual" x capacidade de negociação e mediação. Sem nenhum grande esforço intelectual, presume-se a grosseira comparação que fez entre um "Estadista", o presidente do país onde a Doutora vive, e que toda a comunidade internacional reconhece como uma "Liderança Mundial", e uma criança tola/ingênua. Imaginei que somente o FHC estava enciumado. Ledo engano.

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  2. A articulista utilizou os termos precisos para qualificar a atuação do Brasil frente ao Irã. Se cabe alguma reparação, diz respeito apenas ao excesso de polidez com que trata a atual (e particularíssima) política externa brasileira, enxergando estripulias de uma criança levada onde há antiamericanismo preordenado e a permanente, incansável e criminosa opção pelos valores que nos afastam da civilidade.
    Parabéns pela lucidez.

    Licurgo N. Neto

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  3. Concordo com a autora, intromissão ridícula e patética, ingenuidade ousada, falta de capacidade intelectual e mais, mentiroso, desonesto, aproveitador, ignorante...

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  4. A intromissão é mesmo rídicula e patética. Lí no G1 uma declaração do Excelentíssimo intermediador Luís Inácio:"Que os EUA desativem suas armas, e a Rússia as suas". Ora, lí sôbre o assunto que uma ogiva nuclear, depois de produzida, não pode ser "desmontada", a não ser se for detonada. E quantas ogivas tem só os EUA? Certamente o Fernando Henrique Cardoso jamais soltaria uma pérola dessas. Essa é a diferença entre os dois: O Lula é o "Cara" e o FHC, o Príncipe. E o melhor é que essa declaração foi feita na Alemanha, em Dezembro de 2009, pouco antes de Angela Merkel falar que já estava perdendo a paciência com o Irã. E com o Lula? É certo que a Angela Merkel não vai poder desmontá-lo.

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  5. JORGE OLIVEIRA DAMASCENO SOBRINHO

    A França estava em guerra com a Inglaterra. Napoleão Bonaparte, ao exigir que Portugual "tomasse uma decisão" para deixar de fazer jogo duplo, disse: "os amigos dos meus inimigos são meus inimigos".
    Como o nosso presidente é um oportunista, terá dificuldade para enganar os dois blocos ao mesmo tempo, por muito tempo.

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